Espanha quer museu na Colômbia para o navio San José
Foto: O quadro "Ação em Cartagena", que retrata a batalha que afundou o San José. Está no Museu Marítimo, em Londres. O autor é Samuel Scott | DR
Espanha quer participar na criação do museu que venha a ser criado em Cartagena das Índias a partir dos destroços do navio San José.
O presidente da Colômbia, José Manuel dos Santos, foi o primeiro a avançar com a ideia de um museu para albergar os destroços do navio espanhol afundado em 1708 pela armada britânica logo no dia 5, numa conferência de imprensa em Cartagena das Índias. Não se falou na participação de outro país que não a Colômbia. "Este património é de todos os colombianos", disse o chefe do Governo do país sul-americano.
Espanha, através do secretário de Estado da Cultura, José María Lassalle, disse que iria estudar o dossier a fundo e faria o que fosse necessário para defender este património. No sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel García-Margallo, reuniu-se com a homóloga colombiana, Maria Angela Holguín.
Agora, segundo o El Pais, fontes do Governo vêm defender um museu conjunto, que assim evitaria um conflito diplomático entre os dois países cujas relações são boas. Espanha, de resto, não se opõe a que o museu fique em Cartagena, desde que haja uma exposição temporária em Espanha.
Além dos destroços do navio, o San José carregava moedas e pedras preciosas assim como um vasto conjunto de canhões. As mesmas fontes do Governo, citadas pelo diário espanhol, salientam que este conjunto tem um valor histórico incalculável, fundamental para o estudo do império hispânico do século XVIII. "Não queremos que pensem que queremos levar o ouro", avançam fontes diplomáticas.
A mensagem é estabelecer acordos com Colômbia através do diálogo já que um processo jurídico pode ser longo e de consequências inesperadas, contextualiza o El Pais. Por um lado, a Colômbia não subscreve o convénio da Unesco de proteção do património subaquático, de 2001 e rejeita a jurisdição do Tribunal Internacional de Haya.
Mesmo os casos como o do navio Las Mercedes, que Espanha ganhou nos tribunais em Tampa, Floria (EUA), não abrem precedente para o San José. Nesse caso, o país processa uma empresa caça-tesouros.
Espanha defende que um museu com dupla nacionalidade, espanhola e colombiana, também teria vantagens para o país sul-americano, já que partilhariam os gastos. Esse montante não está contabilizado mas é avultado, já que implica trazer à superfície os destroços do navio.
A ministra da Cultura, Mariana Garcés, admitiu já que a investigação dos achados, que começa em 2016, requer equipamento de que o país não dispõe.
Ao mesmo tempo, arqueólogos especialistas em destroços subaquáticos são partidários de que tudo se conserve onde está, segundo o princípio de conservação in situ -- e até que exista tecnologia para o trazer ao de cima sem danos.
Para o presidente colombiano, encontrar o galeão é mais do que uma missão científica ou histórica. É uma questão identitária para o presidente José Manuel dos Santos. A ministra da Cultura diz que foi "um trabalho planificado". Em que está incluída a lei de 2013 que permite entregar até 50% dos achados arqueológicos com empresas caça-tesouros. Segundo o El Pais, esta lei poderia mesmo chamar-se Lei San José, de tal forma foi criada a pensar na possibilidade de se encontrar este navio.
No encontro, no sábado, o representante dos Negócios Estrangeiros de Espanha terá tentado convencer a homóloga de que um mau acordo é melhor do que um bom processo. Ideia que, segundo o El Pais, vale para o Equador e para o Peru, países que também podem vir a reclamar a sua parte no tesouro que venha a emergir do fundo do mar de Cartagena das Índias.
Fonte: http://www.dn.pt/artes/interior/espanha-quer-museu-na-colombia-para-o-navio-san-jose-4928866.html (22/12/2015)
Espanha quer participar na criação do museu que venha a ser criado em Cartagena das Índias a partir dos destroços do navio San José.
O presidente da Colômbia, José Manuel dos Santos, foi o primeiro a avançar com a ideia de um museu para albergar os destroços do navio espanhol afundado em 1708 pela armada britânica logo no dia 5, numa conferência de imprensa em Cartagena das Índias. Não se falou na participação de outro país que não a Colômbia. "Este património é de todos os colombianos", disse o chefe do Governo do país sul-americano.
Espanha, através do secretário de Estado da Cultura, José María Lassalle, disse que iria estudar o dossier a fundo e faria o que fosse necessário para defender este património. No sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel García-Margallo, reuniu-se com a homóloga colombiana, Maria Angela Holguín.
Agora, segundo o El Pais, fontes do Governo vêm defender um museu conjunto, que assim evitaria um conflito diplomático entre os dois países cujas relações são boas. Espanha, de resto, não se opõe a que o museu fique em Cartagena, desde que haja uma exposição temporária em Espanha.
Além dos destroços do navio, o San José carregava moedas e pedras preciosas assim como um vasto conjunto de canhões. As mesmas fontes do Governo, citadas pelo diário espanhol, salientam que este conjunto tem um valor histórico incalculável, fundamental para o estudo do império hispânico do século XVIII. "Não queremos que pensem que queremos levar o ouro", avançam fontes diplomáticas.
A mensagem é estabelecer acordos com Colômbia através do diálogo já que um processo jurídico pode ser longo e de consequências inesperadas, contextualiza o El Pais. Por um lado, a Colômbia não subscreve o convénio da Unesco de proteção do património subaquático, de 2001 e rejeita a jurisdição do Tribunal Internacional de Haya.
Mesmo os casos como o do navio Las Mercedes, que Espanha ganhou nos tribunais em Tampa, Floria (EUA), não abrem precedente para o San José. Nesse caso, o país processa uma empresa caça-tesouros.
Espanha defende que um museu com dupla nacionalidade, espanhola e colombiana, também teria vantagens para o país sul-americano, já que partilhariam os gastos. Esse montante não está contabilizado mas é avultado, já que implica trazer à superfície os destroços do navio.
A ministra da Cultura, Mariana Garcés, admitiu já que a investigação dos achados, que começa em 2016, requer equipamento de que o país não dispõe.
Ao mesmo tempo, arqueólogos especialistas em destroços subaquáticos são partidários de que tudo se conserve onde está, segundo o princípio de conservação in situ -- e até que exista tecnologia para o trazer ao de cima sem danos.
Para o presidente colombiano, encontrar o galeão é mais do que uma missão científica ou histórica. É uma questão identitária para o presidente José Manuel dos Santos. A ministra da Cultura diz que foi "um trabalho planificado". Em que está incluída a lei de 2013 que permite entregar até 50% dos achados arqueológicos com empresas caça-tesouros. Segundo o El Pais, esta lei poderia mesmo chamar-se Lei San José, de tal forma foi criada a pensar na possibilidade de se encontrar este navio.
No encontro, no sábado, o representante dos Negócios Estrangeiros de Espanha terá tentado convencer a homóloga de que um mau acordo é melhor do que um bom processo. Ideia que, segundo o El Pais, vale para o Equador e para o Peru, países que também podem vir a reclamar a sua parte no tesouro que venha a emergir do fundo do mar de Cartagena das Índias.
Fonte: http://www.dn.pt/artes/interior/espanha-quer-museu-na-colombia-para-o-navio-san-jose-4928866.html (22/12/2015)
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