Restos de naufrágio na Patagônia podem ser de baleeiro perdido em 1859

 

Pesquisadores acharam evidências em anéis de árvore da madeira daquele que pode ter sido o barco "Dolphin", naufragado durante viagem vinda do estado de Michigan, nos EUA

REDAÇÃO GALILEU

26 AGO 2022

Um velho navio de madeira que surgiu na costa do extremo sul da Argentina deixou arqueólogos intrigados por anos em busca da origem da embarcação. Finalmente, pesquisadores desvendaram evidências convincentes de que se trata de Dolphin, um barco baleeiro perdido no século 19.

Os cientistas registraram a descoberta em 18 de junho na revista Dendrochronologia. A análise foi realizada com base nos anéis da árvore que pode ter originado as madeiras do navio naufragado em 1859.

Ignacio Mundo, principal autor do estudo, afirma “não poder dizer com 100% de certeza” se tratar de Dolphin, mas salienta que a análise indica ser "muito provável que este seja o navio”. Para realizar a pesquisa, os cientistas da Columbia Climate School, nos EUA, consultaram um enorme atlas sobre anéis arbóreos antigos da América do Norte, incluindo 30 mil árvores de mais de 2 mil anos.

Eles descobriram que as madeiras encontradas foram derrubadas na Nova Inglaterra e no sudeste dos Estados Unidos pouco antes da construção do navio, em 1850. “É fascinante que as pessoas construíram esse navio em uma cidade da Nova Inglaterra há tanto tempo e ele apareceu do outro lado do mundo”, observou Mukund Rao, especialista em anéis de árvores e coautor do estudo, em comunicado. 

Em 2004, os restos parciais da embarcação surgiram nas planícies entre-marés perto de Puerto Madryn. Embora moradores da área já soubessem sobre o navio, os cientistas só investigaram o barco em 2006 e 2007, quando puderam escavar os detritos durante marés baixas.

À esquerda do naufrágio havia elos de corda, tábuas do casco e do teto. Em um estudo anterior, de 2009, pesquisadores dataram o barco como sendo construído no século 19, a partir possivelmente de carvalho e pinho do Hemisfério Norte. Contudo, ainda não se sabia se a madeira era mesmo de origem europeia ou norte-americana, ou a qual espécie ela pertencia.

Outras evidências surgiram posteriormente, incluindo dois caldeirões de ferro e restos de tijolos, indicativos da indústria de queima de gordura de baleia. Com a nova análise dos troncos de árvore, os cientistas detectaram anéis mais externos que haviam sido cortados em 1849 — coincidindo exatamente com a construção do Dolphin.

 A equipe também descobriu que o marinheiro argentino Luis Piedrabuena havia resgatado 42 tripulantes. O marujo levou as vítimas até a cidade de Carmen de Patagones, e de lá os refugiados voltaram para casa.

Naufrágio descrito em carta 

Medindo cerca de 34 metros de comprimento e pesando 325 toneladas, o Dolphin foi lançado ao mar em 16 de novembro de 1850. O navio atravessou os oceanos Atlântico e Índico por quase dois anos e meio, retornando carregado de petróleo em março de 1853.

Sua última viagem começou em Warren, no estado de Michigan, nos EUA, em 2 de outubro de 1858. O navio acabou na Patagônia alguns meses depois. Uma carta do capitão, Norrie, dizia que ele foi destruído quando "deitou nas rochas na parte sudoeste de New Bay" — uma aparente referência ao Golfo Nuevo, um dos portos naturais da Patagônia onde se sabia que os baleeiros aportavam.

Fonte: Restos de naufrágio na Patagônia podem ser de baleeiro perdido em 1859 - Revista Galileu | Arqueologia (globo.com)

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