Corsários franceses no Rio de Janeiro (1710-1711)
Texto de Helio Vianna
Estando Portugal em guerra contra a França e Espanha, ao lado da Alemanha, Inglaterra e Holanda, além do segundo ataque espanhol à Colônia do Sacramento também ficou sujeito, no Brasil, às empresas de corsários franceses, que embora não constituíssem propriamente invasões, decorriam daquela situação militar européia.
Sendo o porto do Rio de Janeiro, àquela época, o natural escoadouro das ricas Minas Gerais, foi o ponto escolhido para dois empreendimentos do gênero.
Du Clerc
Para o primeiro, em 1710, seis navios, com 1000 homens de guerra, trouxe o Capitão de Fragata Jean François Du Clerc para efetivar o assalto. Impedido de entrar na Baia de Guanabara, pelo fogo da Fortaleza de Santa Cruz, foi desembarcar em Guaratiba, de onde, pela zona rural, dirigiu-se à cidade, atingindo-a pelos arrabaldes de Engenho Velho, Catumbi e Mata-Cavalos (atual Rua Riachuelo). Encontrando resistências partidas dos Morros do Desterro (hoje de Santa Teresa) e do Castelo, pelas ruas da Ajuda (agora Rua Melvin Jones, ex Rua Chile) e São José, chegou, sempre combatido, ao Largo do Carmo (atual Praça 15 de Novembro), encurralando-se no trapiche da Rua Direita (Rua Primeiro de Março), até à derrota e rendição final, com grandes perdas. Meses depois, achando-se Du Clerc quase em liberdade, foi assassinado por motivos particulares.
Duguay-Trouin
Não para vingar a morte de Du Clerc, mas para exercer a pilhagem por conta de acionistas e autoridades que para isto se cotizaram, servindo-se da situação de guerra vigente entre França e Portugal, com dezoito navios veio atacar o Rio de Janeiro, em 1711, o corsário René Duguay-Trouin. Mais feliz que o antecessor, aproveitando-se de ocasional nevoeiro, conseguiu forçar a entrada da barra, embora com sensíveis perdas. Não sendo combatido pelos poucos navios portugueses e ingleses surtos no porto, desembarcou tropas no Saco do Alferes. Prudentemente avançando pelos morros de São Diogo, Livramento e Conceição, conseguiu Duguay-Trouin evitar os perigosos encontros nas ruas, em que levariam vantagem os habitantes do Rio. Inutilizados os navios portugueses e ingleses, incendiado o paiol de pólvora da Ilha de Villegagnon, errôneamente abandonada a Ilha das Cobras, faltando aos cariocas uma direção segura diante do assalto, pois o Governador Francisco de Castro Morais com muitos se retirou, alguns dias depois do desembarque dos franceses, - pode o corsário assenhorear-se da cidade, saqueando-a livremente, e, afinal, impondo-lhe oneroso resgate.
Para maior falta de sorte, chegaram tarde os socorros trazidos das Minas do Ouro por seu Governador, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho. Ricos do saque e da pesada contribuição imposta ao Rio de Janeiro, retiraram-se da Guanabara os ladrões do mar.
Fonte: Vianna, Helio. História do Brasil – Vol. I – Período Colonia. Edições Melhoramentos, São Paulo, 1970, pg.284/285.
Contar a História com estes tipos de resumos ridículos e incompletos é favorecer à desinformação e boicotar o aprendizado de quem procura detalhes, filigranas dos fatos, verdadeiros diferenciais de saber que enriquecem o intelecto. Ou seria também falta de conhecimento de quem posta tais resumos? Pois ambas as duas opções são lastimavelmente penosas! Au revoir...
ResponderExcluirPerfeito sua colocação!
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