Túnel da pirataria

A revelação das falcatruas no Porto de Paranaguá resgatou do poço do esquecimento o lendário Pirata Zulmiro e o assombroso túnel que o corsário inglês teria escavado nas Ruínas de São Francisco, passando por baixo da rua Jaime Reis, subterrâneo que daria acesso a um fabuloso tesouro escondido no Alto das Mercês.

Além do mau cheiro proveniente de grãos de soja apodrecidos nas ruas da cidade, quanto mais a Polícia Federal aprofunda as investigações, maior é o chorume que escapa dos subterrâneos de Paranaguá. Com toda esta fedentina, historiadores recuperam a história do Pirata Zulmiro para estudar antigos traçados do túnel das Mercês que, segundo o Professor Doutor Bazinga, teria ligação com o túnel encontrado junto à Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) para acobertar reuniões dos piratas de terno e gravata.

Depois do jornalista Luiz Geraldo Mazza, o Professor Doutor Bazinga é o maior conhecedor das falcatruas do Paraná, começando pelo berço da história paranaense que é Paranaguá. Historiador e sociólogo, Bazinga formou-se em Antonina pela Universidade Federal da Ponta da Pita e fez doutorado no Centro de Estudos Avançados do Mosquitinho, onde sua tese sobre a “Zona de Paranaguá” ganhou nota máxima.

Com a descoberta de um túnel junto à Appa, mais do que nunca o Professor Doutor Bazinga está convencido de que o inglês com a perna de pau viveu e morreu em Curitiba: “Uma coisa leva à outra”, disse o mestre, indicando que o tesouro do pirata subiu a serra pelo mesmo caminho com que os dólares do Porto de Paranaguá foram parar nos armários de um amplo apartamento no Batel.

A trajetória do Pirata Zulmiro se assemelha com a biografia de muito flibusteiros da política paranaense. Depois de ser jogado ao mar por um navio inglês, ao largo da Ilha do Mel, o corsário de nome Saulmers (pronuncia-se Sulmir, daí a corruptela Zulmiro) encontrou um esconderijo nas Mercês, de onde não mais saiu. Conforme lembranças do arco da velha de antigos moradores da Mercês, entre eles o falecido Irineu Mazzarotto (o popular Queixinho do Bar Botafogo), Zulmiro teria falecido em avançada idade, entre os anos de 1880 e 1882.

Os depoimentos procedem, porque sempre foi muito comum aportarem em Curitiba bandoleiros fugidos da terra de origem e que, para refazerem a vida e esquecerem o tenebroso passado, tinham a cautela de não revelar a verdadeira identidade.

Caso o Professor Doutor Bazinga prove o domicílio no Alto das Mercês de um misterioso estrangeiro egresso da marinha inglesa, faltaria esclarecer a origem do tesouro do pirata, sabendo-se que Saulmers teria desembarcado em Paranaguá com apenas três libras esterlinas. O que exclui, a princípio, a hipótese de Zulmiro ter subido a Serra do Mar com um tesouro equivalente a setenta mil toneladas de soja.

Outra dúvida que veio à tona com a Operação Dallas da Polícia Federal seria quanto ao comando da pirataria na Baía de Paranaguá: o comando da rapinagem seria do Pirata Zulmiro ou do também lendário Pirata Bolorot, o corsário francês apontado como responsável pelo assalto a todos os cofres públicos do litoral do Paraná?

Com a palavra o Professor Doutor Bazinga: “Digo e repito: não são as pessoas que estão atrás das grades que deviam nos preocupar, mas as que não estão. Com o apoio logístico do Pirata Bolorot, todos os indícios nos levam à conclusão de que o túnel encontrado na sede da Appa seria o mesmo do Pirata Zulmiro: começa em Paranaguá, sobe a serra pelo caminho dos Jesuítas, atravessa as Ruínas de São Francisco e a rua Jaime Reis, até chegar ao Alto das Mercês, de onde as esteiras Dallas distribuíram setenta mil toneladas de soja para o Centro Cívico.

Fonte: http://www.parana-online.com.br/colunistas/67/83293/ (23/01/2011)

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