Apesar do risco, dinheiro de pirataria atrai mais somalis

De acordo com organização especializada, piratas somalis mantêm, atualmente, mais de 25 navios estrangeiros com 550 reféns

The New York Times

Piratas somalis suspeitos em julgamento em corte de Mombasa, no Quênia (22/10/2010)

A época das monções terminou. O Oceano Índico está calmo novamente. E para os piratas da Somália isso significa apenas uma coisa: a época mais agitada do ano começou.

De acordo com a Ecoterra International, uma organização com escritórios na África Oriental que acompanha a pirataria na Somália, piratas mantêm, atualmente, mais de 25 navios estrangeiros e 500 pessoas como reféns.

Alguns dos navios foram sequestrados a centenas de milhas da costa, mais perto da Índia do que da África. As tripulações são frequentemente detidas por homens armados durante meses, enquanto as negociações do resgate acontecem. Os resgates estão ficando maiores, atraindo cada vez mais jovens da economia arruinada da Somália – o país não tem um governo operante há quase 20 anos - para o negócio da pirataria.
Na semana passada, um bando de piratas recebeu um resgate recorde – cerca de US$ 10 milhões – por um superpetroleiro da Coreia do Sul, o Samho Dream. O navio havia sido sequestrado em abril e ficou ancorado por meses fora da cidade de Hobyo, no centro da Somália, à vista da praia.

O resgate foi prontamente dividido entre dezenas de jovens homens, cada um recebeu US$150 mil. Mas muitos dos piratas nunca viram o dinheiro porque tinham recebido adiantamentos de seus patrões e tinham que pagar as despesas, disse um pirata da área de Hobyo. "Durante os seis meses que o navio esteve aqui, eles gastaram muito em qat (um estimulante local), mulheres e bebidas", disse o pirata, que pediu para não ser identificado. "Muitos voltaram para casa com US$ 20 mil".

Alguns dos maiores chefes piratas da Somália têm construído miniexércitos com os milhões que recebem em resgates - acredita-se que a maior parte do dinheiro do Samho Dream irá para a compra de mais armas.

Shabab
Ao mesmo tempo, o Shabab, grupo islâmico insurgente poderoso que promete fazer cumprir a lei islâmica na Somália, parece estar cada vez mais envolvido na pirataria. Os piratas navegavam recentemente em um iate sequestrado com três sul-africanos a bordo a caminho de Barawa, uma cidade costeira dominada pelo Shabab. Os piratas não seriam capazes de pôr os pés em Barawa, muito menos manter reféns lá, sem a cooperação do Shabab.

Guarda costeira do Iêmen patrulha a região do Golfo de Aden para prevenir mais ataques de piratas somalis na região

De acordo com oficiais navais europeus, os piratas desembarcaram ao largo da praia de Barawa na manhã de domingo e ordenaram que os reféns desembarcassem também. O capitão se recusou e foi deixado para trás no bote. Ele foi resgatado pouco depois por uma patrulha naval europeia que estava seguindo o iate. Acredita-se que os outros dois sul-africanos estão em Barawa.

Petroleiros
Os piratas somalis preferem navios maiores, especialmente os petroleiros, que costumam pagar melhor, embora ataquem oportunisticamente qualquer veleiro que cruze seu caminho. Um casal britânico, Paul e Rachel Chandler, tem sido mantido refém na Somália desde que piratas sequestraram seu iate em outubro de 2009, perto das Seychelles.

Mesmo depois de capturados, muitos piratas foram libertados. Na terça-feira, um tribunal queniano ordenou a libertação de nove suspeitos de pirataria, dizendo que o país não poderia processá-los por crimes cometidos fora do seu território, informou a Reuters.

Mas navios de guerra internacionais operam no mar tentando impedir novos ataques, muitas vezes com sucesso. Piratas somalis abriram fogo – aparentemente por engano – contra um navio de guerra espanhol em um ataque noturno mal feito, disseram autoridades marítimas na terça-feira.

De acordo com o tenente-coronel Per Klingvall, das Patrulha da Força Naval da União Europeia que cuida dos mares perto da Somália, piratas que navegam em um cargueiro japonês sequestrado dispararam contra uma fragata espanhola que escoltava um navio de abastecimento das forças de paz da União Africana no fim de semana.

O navio de guerra prontamente disparou tiros de aviso – optando por não afundar o navio dos piratas, devido à possibilidade de que houvesse reféns a bordo – e os piratas partiram, disse Klingvall. "A fragata é relativamente pequena e os piratas provavelmente pensaram que era um navio mercante", ele disse.

Por Jeffrey Gettleman

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/nyt/apesar+do+risco+dinheiro+de+pirataria+atrai+mais+somalis/n1237828609664.html (17/11/2010)

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