China e Japão em guerra pelo atum-branco

por ABEL COELHO DE MORAIS

China e Japão estão em confronto aberto em torno da exploração dos bancos de pesca no mar da China, junto de um arquipélago reivindicado por ambos os países: ilhas Diaoyu para Pequim, ilhas Senkaku para Tóquio.

Além dos recursos marinhos, em especial o atum-branco, muito apreciado na gastronomia dos dois países, China e Japão enfrentam-se na definição das respectivas zonas económicas exclusivas numa área que se estende do mar da China Oriental ao mar das Filipinas, rica em gás natural. Um exemplo claro dos conflitos do futuro: as guerras pelos recursos naturais escassos, como o peixe, a água potável, a terra arável.

"É aqui que está um dos maiores bancos de atum e outros peixes", comentava um pescador chinês depois do incidente de 7 de Setembro, em que um pesqueiro deste país foi aprisionado pela guarda-costeira japonesa, quando se encontrava numa área reivindicada por Pequim e Tóquio. "E vamos continuar a pescar lá", sublinhou o pescador, "porque é lá que há mais peixe".

O valor destes bancos de pesca levou ao aparecimento de "piratas do atum", pescadores clandestinos que capturam o peixe e o transferem para navios-frigoríficos algures no mar. Assim "lavado", o atum é comercializado como pesca legítima na China, Japão e Taiwan. Prática que se estende às costas Oriental e Ocidental de África e à região do Pacífico. Um número que não entra nas estatísticas oficiais, e que faria subir o valor total da pesca de atum no mundo. Este ronda, em média, mais de quatro milhões de toneladas por ano.

O essencial do conflito sino-nipónico é económico. E a "guerra" entre China e Japão passa também por argumentos histórico-jurídicos. Em termos gerais, se Tóquio detém, de facto, a soberania desde 1895, Pequim argumenta que, desde essa época, demonstrou interesse pelas ilhas e que estas lhe deviam ter sido entregues no final da II Guerra Mundial, como sucedeu com outros territórios nestes mares.

O objecto piscícola do conflito vale cerca de dez euros/quilo nos mercados chineses, o que o torna um dos mais caros à venda neste país. Apesar do preço, a sua popularidade é enorme. O que leva a frota chinesa a viajar até às costas oriental e ocidental de África para pescar nas águas territoriais de países que lhe concedem direitos de pesca.

"Há hoje uma batalha pelo peixe na Ásia oriental", refere um investigador citado pela AFP. Um fenómeno que se estende a todo o Pacífico Sul, região em que, no espaço de 25 anos, os bancos de pesca estarão esgotados, segundo um estudo do Secretariado da Comunidade do Pacífico.

Isto porque as frotas de pesca dos EUA, União Europeia e Ásia "estão a pilhar os bancos de atum no Pacífico", denunciou há poucos dias um responsável da Greenpeace. Uma "batalha" em que são comuns os incidentes entre barcos de pesca e entre estes e as marinhas de guerra. Os conflitos pelos recursos já estão presentes.

Fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1712674&seccao=%C1sia (18/11/2010)

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